quinta-feira, 22 de julho de 2010

Medo de altura

Nas alturas, rumo às maravilhas.
Um leve frio toca a pele seca.
Movimento da boca que não para
fazendo com que o ouvido se comporte,
ou apenas suporte.

A timidez da solitária diferença
deixa-a acanhada a mostrar-se.
Papel junto ao colo
audição atenta ao solo.

A discrepância daquele momento
que já não era primário,
a fazia pensar
só no extraordinário.

A aflição que virava inspiração,
o medo que se tornava apego.
Aquele pensamento fixo
que a livrava de qualquer mal.

Aquele português de Portugal
que lhe parecia tão fenomenal.
Nobres e plebeus
cultivando um tormento calmante.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ver para crer, crer para ver

Perde a vontade de ser
por acomodar-se no querer.
Perde a vontade de amar
porque sabedoria não há.

Proteja o corpo,
racionalize a mente.
Pense no amor
daquele que ainda o sente.

Não se esqueça de notar
que tudo um dia pode acabar
e você se arrepender
sem ter para onde correr.

Realiza o ato do inimigo
de forma distinta,
porém semelhante.
Perde-se em contradição.

Cada dia, cada momento
se esvai no ato de estupidez.
Excessiva culpa por não saber,
excessivo excesso por não controlar.

Proteção, sabedoria, amor.
Tente curar minha dor
e saiba que ainda pode amar
sem sacrifício ou ressentimento de falhar.

Apego que não se julga,
dor que não se cura.
Aflige cada ser
no seu modo de viver.

Crer para ver,
ver para sentir.
Não creio, pois não vejo
a mudança que desejo.

Liberdade de agir,
sem o outro ferir.
Liberdade de sonhar,
sem o outro magoar.

A cegueira pelo que se tornou trivial
me afunda em profundo mal.
Me perco na vontade de ter
aquilo que não há.

Fixo-me no inexistente,
pela esperança de sentir.
Sentir o amor,
que acaba com toda a dor.

De sorrisos surgem lágrimas
que não se apagam por nada.
Máscara de alegria
que esconde a covardia.

Aquela nostalgia
que não parava de me agredir
torna-se fantasia
da qual eu quero fugir.