quinta-feira, 24 de junho de 2010

Esperançosa tristeza

O sangue bombeia com maior intensidade; meus sentidos parecem ficar mais apurados; meus olhos brilham como a lua cheia no campo; minha pupila dilata com a adrenalina liberada; mãos inquietas se encontram na ansiedade; minha alma se eleva tanto que fico fora de mim. Aquele olhar penetrante se junta ao cheiro inconfundível e me enlouquece de forma a ser prazeroso e ao mesmo tempo triste. Toda aquela sensação, que eu não consigo esconder, pode se tornar um vício. Fico dependente daquele amor que não existe. Acabo por padecer-me cada dia mais com a falta daquilo e me confundo internamente. Não sei se sofro sem o tal amor, que me deixa tão inquieta e que, quando junto a mim, me faz delirar em sonhos magníficos, voar até a mais alta nuvem, rumo ao universo; ou se sofro com a realidade desse sonho, que é interrompida pela presença de um intruso indesejado, depreciador, habitual e desfavorecedor. Ele se entrega a essa trivialidade e se perde meio a tanta vontade.
Eu queria poder (ou saber como) fugir dessa angústia que me aflige tão profundamente; libertar-me desse bem, que com a rotina se torna mal. Mas não posso, não consigo. Sinto-me presa àquele sentimento bom, àquela proximidade tão tentadora; mas quando a distância é colocada, vejo que não há amor, não há paixão. Chafurdo-me em ilusão. O que me resta é a esperança da metamorfose do ser, que, como dizem, é a última a morrer.

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