domingo, 6 de junho de 2010

Esquecimento

O vento que soprava fortemente caracterizava a noite fria e nublada. Ao doce som da música ele se deliciava. Deitado em sua cama macia e aconchegante, perdia-se em pensamentos vagos e ao mesmo tempo conturbados. Não sabia o que fazer, sentir, ou pensar. Em sua mente estavam distantes tempos que não eram mais reais. Angustiado em autocomiseração, com as mãos vendando os olhos, ele tentava desapegar do que o atraía. Nada era possível, mas o impossível não existia. Aqueles momentos jaziam acabados há muito tempo, porém restava a lembrança do que foi sincero, puro, valorizado e digno. Aquele amor já não mais pertencia à sua vida, mas para ele nada era capaz de chafurdá-lo em si.
O tempo passava e cada dia havia maior encantamento pelo que foi perdido, na esperança de reaver ou no medo de se esquecer. As peculiaridades do sentimento foram dissolvidas em saudade, que tornava a dor cada vez mais árdua. Ele temia que aquilo fosse perpétuo e que a triste invasão emocional se tornasse trivial. Não podia ocorrer, a tristeza era mais escabrosa que qualquer outra dor. Se continuasse assim não aguentaria prosseguir, isso tinha que passar.
...
Não passou, mas amenizou e mostrou-o que há mais flores que espinhos nesse jardim.

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